Seminário comemorativo dos 10 anos do FONAME 

Hoje na PUC ocorreu o evento comemorativo de 10 anos do FONAME – Fórum Nacional de Mediação.

Com a coordenação de Sandra Bayer e Cassio Filgueiras, o FONAME se consolidou no cenário nacional como grupo que discute, estuda e propõe políticas que envolvem a mediação. Esse grupo conta com a participação das principais instituições que trabalham com a mediação de conflitos, carinhosamente denominados fonameiros.

Emocionante homenagem foi prestada a professora Ada Pellegrini Grinover uma incentivadora e apoiadora incondicional do FONAME desde o início.

O evento teve a presença do professor Kazuo Watanabe, desembargador Caetano Lagrasta, desembargador José Carlos Ferreira Alves, professor Antonio Carlos Malheiros e professor Antonio Rodrigues de Freitas Jr dentre outros importantes mediadores, doutrinadores e professores de mediação.

A primeira mesa teve como tema a “construção de parâmetros para a formação do mediador” com a participação de Celia Regina Zapparolli,  Airton Buzzo Alves e Helena Mandelbaum. Segundo Celia Zapparolli “mediador é ponte” e a reflexão é sobre como estamos lidando com os mediadores em formação. Multiplicidade e ética são pontos importantes nessa reflexão. CHA – conhecimento, habilidade e atitude como requisitos para o medidor em formação. Também citou-se a questão de selecionar os alunos a serem formados, pois nem todo aluno apto a frequentar um curso está apto para atender em mediação. Tratou-se da formação continuada e supervisão do trabalho dos mediadores que já terminaram seu curso de formação.

Na sequência, a segunda mesa teve como tema “a ética na pratica da Mediação”  com Tania Almeida, Adolfo Braga e Marco Antônio Lorencini. Tania falou da ética das atitudes de Aristoteles – considerar o outro a todo tempo e do imperativo categórico de Kant – não faça aos outros o que não quer que façam com você. Também  tratou da autonomia da vontade, confidencialidade e imparcialidade como pilares nos marcos legais que tratam da Mediação e que precisam estar acompanhados de outros princípios e parâmetros. Tania referiu-se a sensibilidade do mediador como fundamental no trabalho. Ética dogmática e ética da responsabilidade e seus dilemas foram abordadas como temas de reflexão para os mediadores. Adolfo Braga apresentou o mediador como profissional da pós modernidade.

Após o coffee break a terceira mesa foi sobre a “Resolução 125 do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) – do marco inicial aos dias de hoje” e teve a participação de Lucia Cronemberger, Valeria Lagrasta e Fernanda Levy. A juíza Valeria Lagrasta lembrou que uma das primeiras discussões feitas no FONAME foi a respeito da capacitação dos mediadores que, inclusive, foi incluída na redação da Resolução 125 do CNJ. Dra Valeria fez uma ótima retrospectiva histórica dos meios adequados de solução de conflitos. Também tratou do objetivo da medição que é o diálogo e não o consenso e/ou o fim do processo. E dos índices de sucesso com base apenas no número de acordos realizados, independente das execuções posteriores fruto de mediações mal conduzidas. Fernanda Levy  começou lembrando da liberdade de pensamento que há na PUC e no próprio FONAME. E como o espírito do FONAME está presente no evento de hoje, no sentido de todos debaterem, se ouvirem sempre de modo respeitável e sempre com a disposição de re repensar o que a realidade já mostrou diferente. Ponto importantíssimo foi sobre os critérios de escolha das Câmaras de Mediação para encaminhamento dos casos do Poder Judiciário.

Na sequência aconteceu o painel “cenários da mediação no Brasil” com moderação de Juliana Polloni e debatedores desembargadora Daldice Santana,  Claudia Cahali, Hildebrando Marques, Carlos Eduardo Vasconcelos, Dulce Nascimento e Marilene Marodin. Alguns dos pontos tratados foram: tratamento adequado dos conflitos; cumprimento da Resolução 125 pelos tribunais; processo como espaço polifônico; inclusão da mediação nas grades curriculares das faculdades de direito; funções do NUPEMEC; desenvolvimento de uma nova advocacia no Brasil; práticas colaborativas; advocacia voltada para a cidadania; disponibilidade das instituições públicas em escutar novas ideais; papel e formação  do advogado para atuar na mediação; novos desafios para a mediação; confiança para o mercado, dentre outros temas.

A última mesa foi composta por Ernesto Resende Neto, Cassio Filgueiras e Lia Diskin com o tema “a dimensão transformadora da mediação”. Lia citou Alejandro Jabodorowsky “entre o que eu penso, o que quero dizer, o que eu digo e o que você ouve, o que você quer ouvir e o que você acha que entendeu, há uma abismo”. Ela trouxe reflexões sobre como se dá a escuta, ou seja, a qualificação da escuta como pré requisito para o diálogo “escutar é um ato de hospitalidade”, sobre educação atual para falar e não para escutar, sobre a dificuldade em escutar. Tratou também da missão de minimizar sofrimento; da percepção de mundo através dos filtros mentais. Comunicação alienante da vida que bloqueia a compaixão foi outro aspecto tratado. Citou Echer com a imagem do anjo e do Diabo, na medida que o limite de um possibilita a existência do outro.

Por fim foi feito encerramento pelos coordenadores Sandra Bayer e Cassio Filgueiras que merecem os parabéns pelo excelente evento. E por que excelente? Porque conseguiu reunir os melhores especialistas no assunto, porque teve um ambiente festivo como se espera de uma comemoração, porque trouxe não só respostas como também questionamentos, porque a pacificação social foi uma das temáticas, porque ocorreu dentro de uma universidade, porque alguns se emocionaram, porque se falou de futuro a partir do presente. Um futuro promissor. Um futuro com mais justiça. Que justiça? A minha, a sua e a nossa. Justiça em sentido amplo, ou melhor, amplíssimo.

Dora Rocha Awad

Um comentário sobre “Seminário comemorativo dos 10 anos do FONAME 

  1. Sandra toledo 28 de agosto de 2017 / 15:43

    Foi excelente, parabéns a todos!!

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